Queijo ralado

Seria ótimo que a tecnologia já nos permitisse escrever no blog por telepatia.. Toda hora me pego pensando em coisas que deveria escrever aqui, pra você, e estou no transito, te dando banho, cozinhando.. Aí não dá pra sair correndo e ligar o computador, e.. claro, esqueço.
Mas agora não teve jeito, aproveitei que estava com o computador ligado e parei tudo.. Na cozinha, fazendo nosso gostoso  de quinta feira, me peguei rindo, ao pensar como reagirei quando ver você, igualzinho ao seu pai, numa cantina italiana qualquer da vida, enchendo a mão com o queijo ralado da mesa, e devorando aquilo de qualquer jeito, caindo boca a fora.. nem aí pra nada.. continuando seu papo e limpando ao redor.

Abri uma sacolinha de queijo ralado agora, nem precisei abrir a segunda, dessa vez uma sacolinha só encheu meu dispenser.. meu ratinho, estabanado, foi se bandear em outro porão.. bem longe dos olhos, mas sempre.. pra sempre, pertinho do meu coração!!!

Começo de uma estrada longa

Você fez 1 aninho a pouco tempo, mas já tem CPF, RG e passaporte.. e só um dente na boca.. rsrsr.. mas tá lindo assim Alfredo.
Hoje foi seu primeiro dia de aula, de uniforme e mochila, você ficou irresistivelmente encantador. Chegou na escolinha dormindo, tive que esperar você acordar para entrarmos pra sala. A princípio achei que você ficaria numa boa, entrou, sorriu, até bateu palminhas nas músicas que a Tia Patricia cantava, mas aí você percebeu que eu não estava lá e colocou a boca no mundo.. Confesso, é gostoso confirmar seu apego por mim.

Tirei foto de você indo pra escola de todas as formas:  vestindo uniforme, sentado na cadeirinha do carro, rindo.. chorando.. mas não pude fazer o que mais queria, ligar pro seu pai para contar como estava sendo, aliás, eu nem chegaria a ligar, ele não daria esse tempo, já teria me ligado infinitas vezes perguntando de você, é claro que, no caminho pra escola me peguei com vontade de chorar. Eu sou feliz, mas sou triste também, sou as duas coisas. Acho que ainda não chorei o tanto que deveria, mas será que chorar vai me fazer sentir menos? Quero deixar de sentir tristeza, mas esse é o aprendizado mais difícil disso tudo, eu acho. Esse negócio de ser mãe, pai e dona de casa e mulher e provedora do futuro e pessoa-cheia-de-otimismo, me deixa a mil por hora. Não tenho tempo pra chorar. Um dia quero deitar no seu colo e enfim.. deixar minhas lágrimas descerem, me esforço pra que sejam lágrimas de alegria, ao perceber  valores meus e de seu pai, que trabalharei  em você . Hoje, seu primeiro dia de aula,  é só o começo dessa estrada longa.

Atualidade

Você vai gostar disso meu Pequeno.


O Louco 
(Khalil Gibran)

Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em minhas sete vidas - e corri sem máscaras pelas ruas cheias de gente, gritando:

“Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!”. Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei minhas máscaras. E, como num transe, gritei:

“Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

Mundo.. Mundo.. Alfredo e o Mundo

Sabe filho, eu tinha deixado de gostar um pouco do mundo. Mas a cada dia você me obriga a olhar de novo pro mundo, sou eu quem apresenta ele a você. Pensando bem, ele continua bonito, eu é que tinha esquecido como olha-lo assim. Obrigada meu filho, por seu sorrisinho, ele me faz querer reconstruir tudo de novo.

Dia dos pais

Eu já não ando mais pensando na saudade, ela que salta na minha frente, sempre. É impossível viver sem ela. No ano passado, foi o primeiro dia dos pais do seu pai, você tinha nascido ha poucos dias e eu ainda não sabia o que dar a ele de presente. Pensei em algo especial, que marcasse a sua chegada. Encomendei uma medalha de prata de Sant`Ana, avó de Jesus, que é a Santa do dia que você nasceu. Mandei gravar seu nome Alfredo, e o dia do seu nascimento 26/07/2011, coloquei numa corrente de prata. Quando ele acordou naquele domingo, eu coloquei a caixinha em cima de você, que era tão pequenino.. quando seu pai viu, ficou emocionado, colocou no pescoço e disse que um dia daria a você de volta, em um de seus aniversários. Ele não entregará pessoalmente, mas deixou seu único presente de dia dos pais, de presente para você, nosso único filho. Quando eu recebi a mensagem da missa de sétimo dia celebrada por amigos dele em Barroso, me surpreendi ao ver que a Igreja era de Sant`Ana.  Ela não conseguiu livra-lo do seu destino, mas deu um jeito da sua medalhinha voltar pra você.

Imagem que Tio Pe Lauro te deu, com a medalhinha de seu pai.

De volta..

Nesse intervalo sumida.. achei melhor não escrever mais, estava confortável na minha ausência, sentindo os dias passando, ora a dor sumia, ora gritava mais forte.. mas sentia que os dias estavam realmente passando, seguindo.. você crescendo.
Aí encontrei algumas pessoas, que nem imaginava que estariam lendo o que escrevo aqui, que me questionaram o sumisso, acompanham você, filho, por aqui.. e me vi mais uma vez me perdendo em meus projetos, portanto, estamos de volta, eu e você Alfredo, contando nossa história.
Nesse intervalo já passeamos por Blumenau SC, levando a vovó Gilda, uma viagem planejada por mim e seu pai (era só pra nós dois, você ia ficar em GV) mas aí incluí a vovó, a viagem ganhou outra formatação, e foi uma delícia. Você completou 1 aninho, lindo e esperto. Ver você crescer é encantador, me faz olhar o mundo de novo, tentando refazer tudo que é feio nele, só pra você passar.